segunda-feira, 31 de maio de 2010

Escute "Onze esconderijos"

Gente, aqui vai o áudio de "Onze esconderijos", numa versão beeeem simplezinha, mas feita com carinho pra vocês.

http://www.youtube.com/watch?v=LwqEqq6WCf0

Vocês podem conferir no Youtube (só não reparem o vídeo, é só pra não ficar em branco).

=)

A cena que a música evoca

Quando estudamos interpretação, uma das tantas coisas que aprendemos é a criar o ambiente emocional de cada canção. Esse ambiente emocional tem a ver com inúmeras sensações que cada música evoca... uma cor, um sabor, um cheiro, uma imagem, calor ou frio, medo, prazer... enfim, é como se construíssemos uma cena para cada canção.
Essa cena nos ajuda a entrar no clima que a música nos provoca. E resgatar a cena criada cada vez que executamos a canção nos faz interpretá-la a partir da nossa verdade.
Obviamente a nossa verdade nem sempre é a mesma que a do compositor. Aliás, é bem provável que a nossa verdade passe longe da verdade dele, por ser impregnada com a nossa subjetividade, não com a dele no momento da criação.
Falei tudo isso porque queria partilhar com vocês o ambiente emocional que a música "Onze esconderijos" tem pra mim. Se não mencionasse esse "exercício interpretativo", nada do que vou falar faria sentido.
Bem, talvez continue sem fazer (risos).
O fato é que sempre que penso na música, é como se eu me transportasse a um mundo que nunca vivenciei, a não ser por filmes e leituras. É como se não tivesse sido eu a criar o ambiente emocional da canção... mas ele tivesse se manifestado a mim, como numa avalanche de emoções construídas a partir do que o texto sugere.
Quando penso nas palavras que não deveriam ser ditas, vêm-me imediatamente atos que não deveriam ter sido praticados. Ao me deixar envolver pela letra em outros países, outras línguas, porões e diários... acabo imaginando Anne Frank ou o Pianista... ou ainda algum outro personagem qualquer do Holocausto. É como se a música fosse uma manifestação de repúdio ao que NÃO deveria ter ocorrido lá. E ao cantá-la sinto-me naquele momento histórico, naquele lugar... num porão, num sótão, sozinha no escuro, sobrevivendo a tudo aquilo e cantando meu hino de desejo ao não dito, ao não feito.
Apesar da tristeza que a cena sugere, a música de alguma forma me resgata daquele espaço-tempo, como se cumprisse seu papel de denúncia,  de censura (por que não dizer?)... de salvação. Essa sensação é linda...

e me sinto LIVRE!

É essa a cena que a música evoca em mim.
E em você?

sábado, 29 de maio de 2010

Já parou pra identificar os onze esconderijos da letra?

E então, não ficou curioso pra saber quais são os onze esconderijos?
A canção tem um nome sugestivo e não é à toa.
Observe:

Certas palavras deveriam ser guardadas

Em gavetas cadeadas
Em armários escondidos no porão
Numa pessoa que nem mesmo foi lembrada
Num diário antigo
Num perfeito e discreto alçapão
Numa língua morta (de um país distante)
Num momento da história
Que a memória um dia já ignorou
Atrás de uma porta (ou embaixo de uma ponte)
Num instante em que a sorte teve a chance
E a desperdiçou

Chata que sou e fã do jogo dos sete erros, eu diria que há um problema de ordem sintática em considerar "país distante" como sendo um dos onze esconderijos, já que ele vem antecedido por uma preposição "de", o que faz dele uma caracterização da língua morta, não um esconderijo a mais. A troca, na letra, da preposição "de" pela preposição "em" resolveria isso... mas confesso que até agora nunca tinha me atentado a essa questão e provavelmente seu compositor também não.
De qualquer forma, a canção é linda desse jeito.
Já já vocês poderão ouvir a gravação que fizemos dela, ok?
I promise!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Eu fiquei de falar...

Pois é, minha gente... eu fiquei de falar de uma música que estava surgindo, dias atrás... mas acontece que ela ainda não parou de surgir, por isso ainda não falei dela. Hahaha!

Decidimos, porém, falar de outra que surgiu há algum tempo, antes de o Vê se juntar à brincadeira (ele deixou a gente fazer isso, ele deixou!).

A música é de composição do Bruno Kohl e se chama "Onze esconderijos".
Ps: Vou contar um segredinho com o qual muitos de vocês se identificarão: tenho a MAI-OR dificuldade de pensar nessa música com esse nome. Sempre me vem a cabeça o início dela ("Certas palavras") e eu até me peguei escrevendo algo como "até o nome da canção é sugestivo", quando me dei conta de que aquele não era seu nome, mas seu verso inicial.
Hahaha. O Bruno odeia quando eu faço isso (sorry!).

Segue a letra pra que vocês saboreiem.
Os comentários eu deixo pra outro pôr do Sol.

Onze esconderijos (Bruno Kohl)

Certas palavras deveriam ser guardadas
Em gavetas cadeadas
Em armários escondidos no porão
Numa pessoa que nem mesmo foi lembrada
Num diário antigo
Num perfeito e discreto alçapão

Numa língua morta (de um país distante)
Num momento da história
Que a memória um dia já ignorou
Atrás de uma porta (ou embaixo de uma ponte)
Num instante em que a sorte teve a chance
E a desperdiçou



Linda, lindaaaa!
Até loguinho, então!
=)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Foucaultiando...

Pensando nessa relação entre criador e criatura, no processo de criação, deparei-me com essas palavras de Foucault, discutindo a questão da autoria, o que facilmente pode ser estendido à composição:


“A marca do escritor não é mais do que a singularidade de sua ausência”.

Uuuuuhhhhhh!
I’m thinking about it!
=)

TEXTO

Oi, gente linda!
Hoje quem vai falar é o Brunão!
Seguem as reflexões da fera:

Quando o texto impera

Achei que seria interessante registrar um momento curioso dos trâmites da composição que Vê e eu compartilhamos essa semana.

Num dia apressado de terça, sentamos para passar as cordas numa canção cuja melodia foi tirada de um período de final de sonho, daqueles que você não sabe se está suficientemente acordado ou dormindo, sonhando que está acordado.

Tal melodia encaixou-se experimentalmente numa letra construída pelos caminhos virtuais a seis talentosas mãos... e veio sendo (e ainda está sendo) lapidada sob seis 6 olhares atentos (Mika ,Vê e Bruno).

Num dado instante, surge a pergunta se a harmonia sugerida (ela tem relevantes mudanças de tons) deveria ser aquela: pouco usual, que poderia causar estranhamentos a ouvidos acostumados a harmonias pouco populares.

Por um instante parei e procurei argumentos que pudessem salvar tal estrutura, que, por um alguma razão, para mim, estava claro que deveria ser aquela, mas não sabia, naquele momento, dizer por quê...

A resposta veio logo em seguida: o texto...

O texto, cujo tema (a meu ver), como a aleatoriedade ao nosso redor e a beleza das coisas inexatas, não poderia deixar de sugerir uma harmonia que, em alguns momentos, deveria quebrar padrões musicais, propondo, assim, justamente a beleza de ser surpreendido pelo estranho.

Naquele momento, essa pequena revelação me levou a entender que algumas canções têm seu foco de personalidade no texto, com o poder até de decidir como desejam ser cantadas.

P.S.: A canção chama-se In-versos e, tão logo esteja pronta, traremos para o deleite de nossos amigos.

BRUNO KOHL

É, minha gente, já dizia Tom Jobim, desafinado: "Se você insiste em classificar... meu comportamento de antiMUsical..."

Até breve!

=)

domingo, 23 de maio de 2010

Quando é que a música fica pronta?

É uma pergunta curiosa, não?
No processo de composição, quando uma música fica pronta?
Bem, na minha vida inteira eu já consegui a façanha de fazer duas músicas. Simplezinhas, tadinhas, mas saíram... assim, assim.
Quando consegui encaixar a letra na melodia tive aquela sensação de trabalho concluído. No dia seguinte, porém, voltava a sensação de que tinha de mexer em mais alguma coisa... um acorde, um detalhe melódico, umas palavras...
Em resumo, creio que compor música não seja tão diferente de escrever um texto (e já aí tenho bem mais experiência).
A gente sente quando ela ganha uma estrutura de algo finalizado, mas se volta a lamber a cria, sempre vai achar que tem algo faltando.
Escrever um texto é assim. Ele nunca fica pronto. Sempre que voltarmos a ele teremos o que cortar, acrescentar, mudar.
Somos nós que precisamos decidir o momento de dizer: Chega, terminei!
Somos nós que precisamos cortar o cordão umbilical para que a cria deixe de ser parte de nós e passe a ser do mundo.

Acho que isso é o mais difícil, não?
Enquanto não está pronta, é nossa. Enquanto está inacabada, é passível de melhorias. Enquanto não concluímos, podemos alimentar em nós mesmos a ilusão de que chegaremos, quem sabe um dia, à perfeição.
Pronta, ela passa a não ser mais só minha. Ela é publicável. Visível, permitindo que outros deem a ela sua interpretação, cargas de sentido que nós nunca imaginaríamos... perdemos o total controle sobre a coisa criada. Ahhhh, isso dói!
Estará lá, exposta a todos... para ser lembrada, enaltecida, criticada ou esquecida, mas será do mundo, não mais nossa.

Quantas crias você tem aprisionadas na gaveta ou num arquivo esquecido do computador?
Quantos fantasmas escondidos, implorando pela libertação?
Quantos pontos finais em suspenso, esperando o alívio do papel?
Se a criatura cria dor, o criador a cria atura.
Liberte-a, liberte-se!

sábado, 22 de maio de 2010

Papo com Vê Domingos sobre composição

Olhem que show de incentivo àqueles que ainda guardam suas crias musicais a sete chaves numa gaveta qualquer. Até eu me inspirei, hein? Cuidado!


Conversa entre o Vê Domingos e uma aspirante a compositora que não quer se identificar:

Anônima: Tem uma melodia que eu criei meses atrás e que sempre me assombra. Imagino uma canção... mas ainda não veio nada pra letra... imagino em inglês, na verdade... não sei pq, só que ao mesmo tempo em que gosto dela... acho ridícula, imatura... fraquinha, sabe? Afff. Acontece o mesmo contigo?

Vê Domingos: Bem, quando estou pintando, me sinto um DEUS, e naquela hora estou fazendo a coisa mais linda do mundo, mas no outro dia, quando olho a pintura, acho ridícula e me descubro novamente um simples mortal. Tenho feiro assim a vida toda, e até então tem dado certo.

Anônima: Sei. O que me incomoda, na verdade, é q o estilo do que tento criar nunca é parecido com os estilos que me fazem a cabeça. Não entendo o pq disso. Minha música devia sofrer influência do que eu gosto, certo? E a impressão que tenho é que tudo o que penso em criar, em se tratando de música, lembra aquelas baladas country norte-americanas (não necessariamente as boas). Hahahaha.

Vê Domingos: O processo criativo é complexo. Nossa arte melhor é a que nos falta! Entende?

Anônima: Acho que sim. Confesso que me sinto frustrada.

Vê Domingos: Se servir de auxílio, eu também posso me considerar frustrado, pois queria fazer música como Lenine e Zeca Baleiro, ao mesmo tempo!!! Mas sou o Venâncio, de Itajaí, São Vicente...

Anônima: Pior que ajudou, sim. Aposto que Lenine e Zeca Baleiro têm a mesma sensação.

Vê Domingos: Eis o ponto. Olha, se tem algo que não me assusta é o julgamento alheio... ninguém pode ser mais cruel comigo do que eu mesmo. Quando der errado foi azar! E quando der certo, foi pura sorte. Essa coisa de ser preciso eu não preciso!

Anônima: Uau! Tocou na ferida, agora! Vou pensar sobre isso tudo. Valeu pelo papo!!!

Vê Domingos: Valeu!



Se valeu!
=)

Os vários começam a chegar...

Hey, you!
Tem sido muito gratificante ter retorno por e-mail, msn e comentários dos que estão começando a conhecer o projeto e se fazendo vários nessa estrada.
A caminhada é longa e estamos apenas começando...
Muitas ideias surgem, algumas canções começam a ganhar forma.
Já já mostramos uma das crias pra vocês.

Besitos.

=)

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sobre o véu e a luz nas composições

Vê Domingos sempre comenta comigo o quanto acha importante que a música criada dialogue com o público, que se faça clara, popular mesmo, no sentido mais pleno que possa ser ter tal concepção, sem qualquer tom de pejorativo.
Gosto disso, afinal minha formação não me nega essa veia que tende à comunicação, à mensagem veiculada, à conversa, enfim, sem ruídos.

Já Bruno Kohl tem um tom de mistério que rodeia suas letras. Adora usar palavras de efeito. Identifico-me com inúmeros recursos de que ele faz uso em suas músicas, trocadilhos, antíteses, sinestesias, eufemismos...

Quando lhe indaguei se não se preocupava com o fato do certo tom de hermetismo (pascoal?) em suas composições impedir a conexão total com o público, ele respondeu:

"Minhas músicas são como Lost. Se entender demais, perde a graça."

Ele não comentou no questionário que publiquei ontem, mas é encarnado na sétima arte e a influência dessa paixão é nítida no que cria.

Estou bem acompanhada, notaram? De um lado a influência de Picasso, do outro a de Fellini. Eu trago comigo as pessoas do Pessoa... essa história promete!

Amanhã tem mais.
=)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Mas o que é compor, afinal?

Pobre que sou, just an intérprete, meter-me no mundo desse povo das palavras cantadas... mas confesso que estou adorando, afinal, sou também uma mulher das palavras e do canto, não pode ser assim tão complicado unir as duas coisas!


O fato é que fiz as tais perguntinhas iniciais aos meus dois companheiros de projeto e, já de cara (não que eu já não soubesse, as escolhas não são feitas por acaso), ficou visível o quanto tenho comigo dois polos antagônicos em se tratando de composição.

Um deles prima pela simplicidade e pela clareza.
O outro ama o hermetismo (pascoal ou não).
O que vai resultar dessa parceria eu não sei, mas APOSTO que vai sair coisa boa, pois ambos têm um talento que muito me causa admiração. E, como eu já disse pra eles, só consigo cantar o que tenho como verdade. Preciso me conectar com a canção, comprar o que ela vende, envolver-me, numa simbiose, mesmo.

Bem, deixemos essas questões para outro pôr do sol.
Queria apresentar o outro lado da moeda (Bruno) em suas respostas provocativas às minhas singelas indagações.
Não resisti em manifestar meu lado Joana d’Arc e decidi tecer alguns breves comentários a partir de suas respostas. Que não seja eu queimada na fogueira da inquisição!

Pergunta: O que é compor?
Resposta do Bruno: Arauto.
Comentário: Todas as respostas são substantivas, mesmo que essa peça um verbo, o que é curioso, mas não surpreendente, vindo do Bruno, que adora soltar palavras que levem a uma teia de consequências. Embora exija de mim, pobre leitora, um vocabulário bem acima do medíocre, e uma necessária inferência pra criar a ponte (citando Vê) entre o feitor e o ato feito, intxindi (ufa)!

Pergunta: Como surge a ideia da música?
Resposta do Bruno: Avalanche.
Comentário: Hehee... que analogia linda, meu Deus! Eu sempre penso nos processos que ocorrem comigo como erupções vulcânicas, mas depois do documentário e das inúmeras matérias sobre o vulcão islandês Eyjafjallajoekull, a ideia da avalanche me refresca a alma e acalma (ui, deu eco, culpa da avalanche).

Pergunta: Onde busca inspiração?
Resposta do Bruno: Poço.
Comentário: Profunda! Não consegui chegar lá.

Pergunta: O que vem primeiro? Melodia ou letra?
Resposta do Bruno: Solidão.
Comentário: Isso dá uma canção, hein?

Pergunta: Algumas características do seu estilo de composição:
Resposta do Bruno: Bisturi.
Comentário: Pensando... pensando... gente, tem muitas formas de interpretar isso. Nem sei o que escolher pra comentar. Corta!

Pergunta: Parceria em composição representa o quê?
Resposta do Bruno: Altruísmo.
Comentário: Altruísmo, é? Enquanto o Bruno enxerga a parceria como uma predisposição em abnegar-se em relação ao outro, eu vejo como uma troca em que é o outro que me traz benefícios. O Vê vê (hahaha) como uma guerra de nervos, um exercício ao desapego. Que trio, hein?

Pergunta: Qual a maior dificuldade em compor em parceria?
Resposta do Bruno: Tempo.
Comentário: (pensa na voz da Nana Caymmi soprando no ouvido)
Resposta ao tempo (Aldir Blanc e Cristóvão Bastos):
“Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto
E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Pra tentar reviver”

Pergunta: Que outras artes te atraem?
Resposta do Bruno: Ourivesaria.
Comentário: Eu não pensaria em nada mais adequado. A propósito, o Vê ama pintura. Minha vibe é teatro e poesia. Que trio dissonante e complementar, hein?!
Tô amando isso!

Pergunta: Acha que as composições sofrem influência dessas “outras”?
Resposta do Bruno: Condição de existência.
Comentário: Que pergunta infame essa minha. Dãã!

Amanhã tem mais!

; - )

Grande Suely Mesquita!

Esta semana é uma semana de muitas comemorações pra Suely Mesquita, compositora, cantora e professora competentíssima de técnica e interpretação, com a qual tenho o privilégio de aprender muito a cada aula (cabe mencionar que ter aulas com ela é um dos motivos que me fazem estar no Rio).

De seu talento como compositora ninguém duvida, tanto é verdade que o escritor americano Bob Gaulke lança agora o livro Sexo Puro - A life in Brazilian Song - sobre seu trabalho de compositora. Isso é mesmo um grande reconhecimento, mas o que me fez vibrar de verdade foi saber que sua música, em parceria com Pedro Luís, faz parte da trilha sonora da nova novela da Globo, Passione. Sabemos o quanto a emissora tem impacto na opinião popular e na influência do que é tendência em se tratando de música. Então, nada mais justo do que esse tipo de reconhecimento também.

Parabéns, Suely! Mereces tudo isso e muito mais.

Segue o link pro site da fera:

http://www.suelymesquita.com.br/

Saindo do forno já já

Gente... não é que esse trem tá dando certo?
Já já eu vou falar de uma música liiiiiinda que surgiu.
Ai, ai...

=)

"Compor é estabelecer pontes" (Vê). Interesting!

Escrever é um vício bom! Quanto mais faço, mais quero e o resultado é gozo, saciez, mesmo que o “durante” (a escrita, o texto) tenha sido sem sal.

Imagino que todo processo de criação seja assim. Compor não deve ser diferente. Já tentei me enveredar por esse caminho umas duas vezes. Em ambas o resultado saiu fraquiiiinho, mas o prazer... ah, o prazer... esse tá guardado na lembrança pra sempre!

Pensei em várias falas pra iniciar essa nossa caminhada pelas trilhas da composição. Fiz algumas perguntas, pedi ao Vê e ao Bruno que respondessem, afinal, ainda tô tentando entender tudo isso! Esse lance de compor pra mim é muuuuuuito novo. Pensar a respeito, então, é exercício no qual ainda estou engatinhando.

Acho que já tenho um bom material pra começarmos a pensar todo esse processo, mas preciso elaborar melhor algumas questões. Tô até começando a ler Foucault (pasmem!).
Há tanto a falar! Mas deixa eu começar, né?

Olha o que o Vê disse:

“Compor é estabelecer pontes”

Curioso pensar em pontes.

É pensar a composição = construção.
Gostei disso! Lembra a Construção do Chico, perfeita.

Eu facilmente pensaria que compor em parceria é estabelecer pontes... mas confesso que nunca tinha parado para pensar nas pontes que são criadas entre o ritmo e a harmonia, entre a letra e o acorde, entre o tema e o inusitado da inspiração...

Falando em inspiração... olha que punk:

“A inspiração tem que te encontrar trabalhando” (Picasso, citado por Vê).

Tem bem a ver com aquele mito criado e difundido de que tudo nasce pronto pros talentosos, cai do céu em seus colos... enquanto bem sabem os que criam o quanto de suor dedicam em suas criações.

"1% de inspiração, 99% de transpiração."

Surradinho o ditado, mas sábio!

Agrada-me a ideia de simples mortais terem alcance possível a coisas consideradas tão raras.

Chego quase a pensar que posso compor!?!



Amanhã tem mais!
Agora deixa eu nanar, que tá tarde!
=)

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Estrada e Vários na Univali FM (94,9)

Passando pra informar que hoje o Estrada e Vários marcou presença no programa Tá Ligado, da rádio educativa Univali FM (94,9Mhz).
Agradecemos à Simone Rigotti, dona daquele vozeirão maravilhoso e de uma simpatia ímpar, por divulgar o projeto.
Valeu, "vivente"!

domingo, 16 de maio de 2010

Criar... é mover o dom

Criar... é mover o dom... oops, errei.
A música fala que cantar é mover o dom, mas criar também é, não?

Aliás, olha a pérola do Vê:

"Criar, C R I A R - Cri-AR... C ri Ar.. Cria (falta o erre),
ou seja ERRE pra CriaR."

Quanta resistência temos com os erros, perfeccionistas que somos. Quantos deixam nas gavetas crias maravilhosas cheirando a mofo pelo simples medo da exposição, do apontamento do erro.
Mas nem todos têm medo de errar... e tanto isso é verdade que há no mundo milhões de porcarias soltas a se esfregar em nossos olhos e ouvidos.
Então pensamos: "Isso aí? Eu faria melhor!"
E por que não fez?
Ou, se fez, por que não mostra?
Medo? Covardia? Bom senso? Pudor?

O fato é que, como diz o ditado, "só não erra quem não faz".
Então, tô com o Vê e não abro.
E se é assim, quero errar, quero criar minhas crias, com erro, sem erre, o que for!
E mesmo que a cria me dê "dor",
que seja eu seu CRIA+DOR.

=)

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Nota de falecimento: O Canecão fechou!

Este não é um espaço para tristezas, mas não podemos deixar de mencionar o fechamento do Canecão (RJ), uma das maiores casas de show da América Latina, onde cantaram os maiores ícones da MPB e da música internacional em turnê no Brasil.
O espaço era disputado há 39 anos na justiça pela UFRJ, que acaba de conquistá-lo e promete criar ali um centro cultural com valores mais acessíveis ao público.
O fechamento do Canecão representa uma perda para a música no Brasil? Elaboramos uma enquete a respeito. Dê sua opinião.

E que sejamos vários nessa estrada que leva à música popular.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Somos três

O primeiro encontro que tive com amigos compositores para parceria no projeto Estrada e Vários foi um sucesso. Na ocasião (dia 8 de maio), alinhavamos algumas diretrizes para que o processo de composição e divulgação se efetive a contento de todos os envolvidos.
Além de Bruno Kohl, músico e compositor que conheço de longa data, também fará parte dessa caminhada comigo o músico e compositor Vê Domingos, que tive o prazer de conhecer há pouco tempo, mas com quem já me vejo sintonizada. Obviamente, outros (quiçá vários) se juntarão a nós, mas, por enquanto, somos três.
E, para homenagear esse começo de um longo percurso que faremos, ensaiei algumas palavras, em aquecimento para futuras intervenções nas letras de algumas canções dessas duas figuras únicas com as quais inicio parceria.


Somos três, uma tríade, um acorde.
Duas notas de base e uma dissonante.
Uma intérprete e dois compositores.
Uma mulher e dois homens.
Dois lá e uma aqui.
Somos três em busca do uníssono.
Um tripé na construção.
Bruno, Mikaela e Vê.
Um triacanto a proteger nossas rosas-melodias.
Três pensamentos livres em busca do equilíbrio triândrico na criação.
Vários numa estrada que leva à letra e à harmonia.
Não formamos um anti-movimento tribal, mas essa trindade também se desintegrará.
E enquanto esse momento não chega, que venha a canção.

domingo, 2 de maio de 2010

É com enorme prazer que divulgo o Projeto musical "Estrada e vários", aprovado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Itajaí dias atrás e que promete fortes emoções ao longo deste ano.



“Estrada e vários” é um projeto arrojado em que eu (Mikaela Garcia), como intérprete, mas fascinada pelo processo de composição, tentando entender como ele ocorre, proponho a compositores locais (Itajaí e região) vivenciarem comigo a experiência de composição conjunta (olhem minha pretensão!), de modo que possamos registrar nossas conquistas neste espaço.


Mais que cantar as crias dos outros ou mais que tentar criar bebês de Rosemary só meus, o que me fascina é oportunizar espaços de troca e reflexão a respeito do tema "composição" e, nesses espaços, discutir o lugar das letras nas canções de hoje. E fazer isso compondo novas canções é tudibom, não é?

Sábado agora me reunirei com uns amigos compositores lá em casa para alinhavarmos alguns encaminhamentos... daí conto mais detalhes do projeto.

Até já, então... e



Que nos façamos vários nessa estrada!
=)