quarta-feira, 19 de maio de 2010

Mas o que é compor, afinal?

Pobre que sou, just an intérprete, meter-me no mundo desse povo das palavras cantadas... mas confesso que estou adorando, afinal, sou também uma mulher das palavras e do canto, não pode ser assim tão complicado unir as duas coisas!


O fato é que fiz as tais perguntinhas iniciais aos meus dois companheiros de projeto e, já de cara (não que eu já não soubesse, as escolhas não são feitas por acaso), ficou visível o quanto tenho comigo dois polos antagônicos em se tratando de composição.

Um deles prima pela simplicidade e pela clareza.
O outro ama o hermetismo (pascoal ou não).
O que vai resultar dessa parceria eu não sei, mas APOSTO que vai sair coisa boa, pois ambos têm um talento que muito me causa admiração. E, como eu já disse pra eles, só consigo cantar o que tenho como verdade. Preciso me conectar com a canção, comprar o que ela vende, envolver-me, numa simbiose, mesmo.

Bem, deixemos essas questões para outro pôr do sol.
Queria apresentar o outro lado da moeda (Bruno) em suas respostas provocativas às minhas singelas indagações.
Não resisti em manifestar meu lado Joana d’Arc e decidi tecer alguns breves comentários a partir de suas respostas. Que não seja eu queimada na fogueira da inquisição!

Pergunta: O que é compor?
Resposta do Bruno: Arauto.
Comentário: Todas as respostas são substantivas, mesmo que essa peça um verbo, o que é curioso, mas não surpreendente, vindo do Bruno, que adora soltar palavras que levem a uma teia de consequências. Embora exija de mim, pobre leitora, um vocabulário bem acima do medíocre, e uma necessária inferência pra criar a ponte (citando Vê) entre o feitor e o ato feito, intxindi (ufa)!

Pergunta: Como surge a ideia da música?
Resposta do Bruno: Avalanche.
Comentário: Hehee... que analogia linda, meu Deus! Eu sempre penso nos processos que ocorrem comigo como erupções vulcânicas, mas depois do documentário e das inúmeras matérias sobre o vulcão islandês Eyjafjallajoekull, a ideia da avalanche me refresca a alma e acalma (ui, deu eco, culpa da avalanche).

Pergunta: Onde busca inspiração?
Resposta do Bruno: Poço.
Comentário: Profunda! Não consegui chegar lá.

Pergunta: O que vem primeiro? Melodia ou letra?
Resposta do Bruno: Solidão.
Comentário: Isso dá uma canção, hein?

Pergunta: Algumas características do seu estilo de composição:
Resposta do Bruno: Bisturi.
Comentário: Pensando... pensando... gente, tem muitas formas de interpretar isso. Nem sei o que escolher pra comentar. Corta!

Pergunta: Parceria em composição representa o quê?
Resposta do Bruno: Altruísmo.
Comentário: Altruísmo, é? Enquanto o Bruno enxerga a parceria como uma predisposição em abnegar-se em relação ao outro, eu vejo como uma troca em que é o outro que me traz benefícios. O Vê vê (hahaha) como uma guerra de nervos, um exercício ao desapego. Que trio, hein?

Pergunta: Qual a maior dificuldade em compor em parceria?
Resposta do Bruno: Tempo.
Comentário: (pensa na voz da Nana Caymmi soprando no ouvido)
Resposta ao tempo (Aldir Blanc e Cristóvão Bastos):
“Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto
E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Pra tentar reviver”

Pergunta: Que outras artes te atraem?
Resposta do Bruno: Ourivesaria.
Comentário: Eu não pensaria em nada mais adequado. A propósito, o Vê ama pintura. Minha vibe é teatro e poesia. Que trio dissonante e complementar, hein?!
Tô amando isso!

Pergunta: Acha que as composições sofrem influência dessas “outras”?
Resposta do Bruno: Condição de existência.
Comentário: Que pergunta infame essa minha. Dãã!

Amanhã tem mais!

; - )

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